Área desmatada no coração da Amazônia. (Reprodução: Redes Sociais)

O desmatamento na Amazônia Legal totalizou 5.796 km² entre agosto de 2024 e julho de 2025, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. O número representa uma queda de 11% em relação ao período anterior e corresponde à terceira menor área anual desmatada desde o início da série histórica, em 1988. É também o menor índice registrado desde 2014.

Apesar da retração no acumulado anual, os alertas de desmatamento cresceram no primeiro semestre de 2025, com alta de 27% em relação ao mesmo período do ano anterior. O avanço foi atribuído a incêndios florestais, que atingiram níveis recordes em 2024 e contribuíram para perdas significativas de vegetação nativa.

Pará, Mato Grosso e Amazonas concentraram 80% do total desmatado na Amazônia Legal. O Tocantins teve a maior redução proporcional, com queda de 62%. Amapá e Roraima também registraram recuos, de 42% e 37%, respectivamente.

Segundo Cláudio Almeida, coordenador do Programa BiomasBR do Inpe, o desmatamento por degradação progressiva tem crescido, impulsionado por incêndios de grande escala. Ele citou o Mato Grosso como exemplo, onde houve aumento de 25% na área desmatada.

No Cerrado, o desmatamento caiu 11,49% no mesmo período. Foram derrubados 7.200 km² de vegetação, segundo ano consecutivo de queda após cinco anos de alta. A região do Matopiba — que inclui Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — respondeu por 78% da área desmatada no bioma. Maranhão liderou, com 28% do total, seguido por Tocantins (21%), Piauí (19%) e Bahia (11%).

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que os dados reforçam o compromisso do governo com a meta de desmatamento zero até 2030. “A redução do desmatamento na Amazônia pelo terceiro ano consecutivo e no Cerrado pelo segundo ciclo seguido confirma que a agenda ambiental é prioritária e transversal”, disse.

Ela destacou que o combate ao desmatamento é essencial para enfrentar a crise climática e promover o desenvolvimento sustentável. O líder de Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, Alexandre Prado, atribuiu os resultados à retomada de políticas públicas de proteção ambiental. “O Brasil volta a trilhar uma trajetória de liderança e mostra que é possível conciliar crescimento econômico com conservação dos biomas”, afirmou.

O anúncio ocorre às vésperas da COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que será realizada em Belém. Apesar dos avanços, o país ainda está atrasado no cumprimento de metas do Acordo de Paris, como o reflorestamento de 12 milhões de hectares. O governo também enfrenta críticas por planos de exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, considerados incompatíveis com a diplomacia climática brasileira.