Luiz Cesar Pimentel

Luiz César Pimentel*

Admito de cara que costumo ignorar solenemente youtubers e tendo a detestar reality shows. Tirando meus amigos Marco Bezzi e Helder Maldonado, do canal Galãs Feios, não recordo muitos mais que tenham conteúdo e que não sejam famosos na bolha digital sem qualquer colaboração cultural, mas por terem conquistado um público do nada e acumularem sei lá quantos quaquilhões de seguidores.

Dito isso, partamos para os fatos: as plataformas de streaming, que desidratar cinema e TV, estão se rendendo a eles. E, conforme aponto no título, isso é péssimo porque ainda que mal e porcamente mantinham bolsões de credibilidade e bom gosto audiovisual.

Só que os executivos devem ter analisado números como quem os interpreta analogamente ao potencial de lucro gerado e depositam cada vez mais recursos nas estrelas do YouTube e menos nas produções de bom gosto ou minimamente mais refinadas. A plataforma do Google teve 11% do tempo total de visualização em TVs nos EUA em dezembro passado, superando gigantes como Netflix (8,5%) e Amazon Prime (4,0%).

Jimmy Donaldson, o MrBeast

Assim começou a corrida atrás dos principais nomes de lá. O cara por trás do canal mais acessado do YT, MrBeast, com seu Beast Games, lançou pela Amazon um reality inspirado em Round 6 e conseguiu 50 milhões de visualizações em um mês, ao que a plataforma de Jeff Bezos já encomendou mais duas temporadas para ele.

A HBO Max não demorou a encomendar o seu, para os irmãos do mundo das lutas Jake e Paul Logan.

E a maior das plataformas vem formando casting próprio, com intenções nos influenciadores infantis e sondagens com videocasters.

Ou seja, uma desgraça cultural se anuncia.