A floresta cai diariamente e o solo é usado para produção de soja e criação de gado. (Foto: Redes Sociais)

Somente dez dos 772 municípios da Amazônia Legal foram responsáveis por quase um terço de toda a área desmatada na região entre agosto de 2024 e julho de 2025.

Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Segundo o levantamento, 956 km² de floresta foram destruídos nesses municípios — o equivalente a 27% do total registrado no período, que chegou a 3.503 km². Juntas, essas cidades ocupam apenas 6% do território amazônico.

Municípios campeões da devastação

Lábrea e Apuí, no sul do Amazonas, lideram o ranking, com perdas de 140 km² e 137 km² de vegetação nativa, respectivamente. A devastação equivale a cerca de 76 campos de futebol por dia, somando quase 30 mil em um ano. Também figuram entre os maiores desmatadores Colniza, Marcelândia e União do Sul (MT); Uruará, Portel, Itaituba e Pacajá (PA); e Feijó (AC).

Seis desses municípios — Apuí, Lábrea, Colniza, Uruará, Portel e Feijó — também estão entre os dez com maior risco de novas derrubadas, segundo a plataforma PrevisIA.

O cruzamento dos dados revela que áreas sob alta pressão continuam vulneráveis, exigindo ações prioritárias de proteção ambiental.

Estabilidade preocupa especialistas

Apesar de uma leve queda de 0,4% em relação ao calendário anterior (agosto de 2023 a julho de 2024), o desmatamento praticamente se manteve estável. “Em relação ao registrado entre agosto de 2022 e julho de 2023, o calendário passado representou uma redução de 46%. Porém, agora tivemos esse leve aumento, o que alerta para a urgência em combater a derrubada nessas áreas mais pressionadas”, afirma Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.

Exemplo de sucesso

O histórico de Paragominas (PA) mostra que o envolvimento municipal pode ser decisivo. Em 2008, o programa Município Verde reduziu em 90% o desmatamento local em apenas um ano. A iniciativa envolveu prefeitura, produtores rurais e mais de 30 entidades civis, com ações de fiscalização por satélite, campanhas ambientais e registro de CARs em 80% das propriedades.

Julho traz alívio parcial

O último mês do calendário atual trouxe uma boa notícia: a destruição da floresta caiu 45%, passando de 642 km² em julho de 2024 para 352 km² em julho de 2025.

Degradação florestal dispara

Por outro lado, a degradação florestal — provocada por queimadas e extração madeireira — aumentou quase quatro vezes, saltando de 8.913 km² para 35.426 km². O pico ocorreu nos meses de setembro e outubro de 2024, com grandes áreas afetadas por incêndios. “A degradação florestal fragiliza a floresta, aumenta a emissão de carbono e deixa a Amazônia ainda mais vulnerável”, alerta Manoela Athaíde, também pesquisadora do Imazon.

Em julho de 2025, a degradação mais que dobrou em relação ao mesmo mês do ano anterior, atingindo 502 km² — a segunda maior área degradada desde o início da série histórica, em 2009.

Estados líderes em destruição

Pará, Mato Grosso e Amazonas lideram tanto o desmatamento quanto a degradação. Juntos, foram responsáveis por 76% da área derrubada e 87% da floresta degradada. Mato Grosso teve o maior aumento proporcional no desmatamento (31%), seguido por Tocantins (8%). Já na degradação, os destaques negativos foram Rondônia (1.200%), Mato Grosso (852%) e Pará (449%).