BRASIL EM FOCO

Germano Oliveira*

Consciente de que deve ser condenado pelo STF a uma pena bastante pesada por ter tentado dar um golpe de Estado, e que dificilmente conseguirá reverter a decisão do TSE, que o tornou inelegível até 2030, Jair Bolsonaro vive o seu ocaso, com a certeza de que passará para a história como o mais nefasto político brasileiro. Nos quatro anos em que esteve à frente do Poder, foi considerado um presidente tóxico e pária mundial. Nenhuma autoridade internacional se dispôs a dialogar com ele, que preferia conversar com garçons de eventos internacionais, por não saber falar nenhuma outra língua além do seu surrado português. Pior: graças ao seu negacionismo, era obrigado a comer pizzas nas calçadas de Nova York simplesmente porque se recusava a tomar a vacina contra a Covid-19. Resumindo: o ex-capitão, que agora deve perder a patente do Exército, vai ser varrido do arcabouço da carreira militar e voltar ao sarcófago onde seu cadáver político será depositado.

É bem verdade que Bolsonaro ainda tenta respirar por aparelhos, tentando ser anistiado ou indultado pelos aliados que ele ainda possui na Câmara e na vida partidária. Mas qualquer uma dessas propostas não deverá ter vida longa, pois os ministros do STF poderão considerar inconstitucional qualquer projeto que lhe conceda a anistia. A chance maior que o ex-presidente tem de permanecer no jogo político será o indulto, conforme promete o governador Tarcísio de Freitas (SP), que, em troca do apoio do espólio bolsonarista para sua campanha presidencial, já disse que esse será o seu primeiro ato caso se eleja presidente no ano que vem.

Morte política

Bolsonaro precisará, isto sim, é se preparar para morrer politicamente no ostracismo, pois, se pegar uma pena de 30 ou 43 anos, com direito a ficar pelo menos uns 8 anos em regime fechado, trancado em uma cela como a da Papuda, em Brasília, e que está localizada a poucos metros da sua mansão na Capital Federal, acabará sendo esquecido por seus fanáticos eleitores. E será ignorado, também, até mesmo pelos líderes dos partidos que o sustentaram em seu obscuro governo. Afinal, está com 70 anos e doenças visíveis em seu intestino, maltratado por operações feitas para curá-lo da facada na campanha de 2018.

Ele terá, assim, a reciprocidade dos companheiros que jogou ao mar quando era o presidente e dos “amigos” que tentavam se equilibrar nos cargos para os quais foram nomeados, mas que não duraram nem seis meses nos postos a que foram alçados. Bolsonaro, na verdade, sempre teve medo de ser traído pelos que o cercavam e só confiava nos filhos. Nem nas mulheres com as quais foi casado ele botava fé. Sempre foi um presidente que só trouxe malefícios administrativos para o País e instabilidade política para uma Nação estarrecida pelos sucessivos crimes que cometeu.