Germano Oliveira

BRASIL EM FOCO

Germano Oliveira*

Mantido o atual cenário da política eleitoral, teremos uma das eleições presidenciais mais polarizadas no ano que vem — mais até do que as de 2018, quando Bolsonaro derrotou Haddad, o candidato do PT, e a de 2022, quando Lula esmagou Bolsonaro. Tudo indica que a disputa será aguerrida entre o chefão petista, que tentará o quarto mandato, e um candidato apoiado pelo bolsonarismo, possivelmente Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.

Assim como aconteceu em 2018, quando Lula estava preso e não pôde disputar o pleito, lançando o atual ministro da Fazenda como seu candidato de última hora, a eleição de 2026 não terá Bolsonaro na urna eletrônica, porque ele estará preso, deixando para que o ex-capitão escolha seu substituto em cima do laço. E é aí que a direita começa a se mobilizar. Como derrotar Lula no ano que vem? Tarcísio só terá apoio de Bolsonaro se ele rezar pela sua cartilha. Se o governador não se comportar como seu capacho, o ex-mandatário vai escolher outro ungido para resgatar sua herança eleitoral. E, nesse caso, pode ser até seu próprio filho, o deputado Eduardo — por mais escroto que seja.

A camisa de força petista

Como resultado da corrida pelo capital de votos do ex-presidente, começam a surgir vários interessados, que estão se engalfinhando por esse apoio. De cara, já estão dividindo a direita. Para capitalizar esse potencial de sufrágios, vários governadores já lançaram suas candidaturas. É o caso do governador do Paraná, Ratinho Junior; do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; do governador de Minas Gerais, Romeu Zema; e do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Além, obviamente, de Tarcísio de Freitas. Ou seja, a direita já tem cinco governadores para enfrentar Lula da Silva, que, em outubro do ano que vem, completará 82 anos — um ancião que pode repetir Joe Biden. A direita vai tentar desgastar o petista no primeiro turno para se unir no segundo. Dessa forma, vencerá quem conseguir capitalizar o apoio do centro e da classe média. Se o PT não conseguir sair da camisa de força que a esquerda lhe impõe, dificilmente o lulopetismo terá condições de obter o quarto mandato.

A direita sabe que, vencendo Lula no ano que vem, poderá defender todos os seus projetos golpistas para salvar Bolsonaro e os criminosos do 8 de janeiro de 2023. Por isso mesmo, Lula teria de ter humildade para traçar uma estratégia de o PT ter um plano B para a corrida eleitoral em 2026, experimentando outro candidato à Presidência. E o PT tem vários nomes alternativos, como Edinho Silva (atual presidente do PT), Camilo Santana (ministro da Educação) ou mesmo o prefeito do Recife, João Campos, entre outros. Na verdade, enquanto a direita se renova, o PT apresenta Lula como candidato — uma receita de bolo que vem sendo lançada desde 1989, há 36 anos — cansando a população com suas velhas e desgastadas propostas. O Brasil precisa se modernizar e evitar esse embate carcomido entre Lula e Bolsonaro, duas lideranças que já deram as contribuições que deveriam dar à política brasileira. Está na hora de termos um presidente de centro, sem a carrancuda e modorrenta polarização.

*Germano Oliveira é Diretor do BRASIL CONFIDENCIAL.