Em tempos de acesso fácil à informação, muitas pessoas recorrem a sites e aplicativos como primeira fonte para entender sintomas e buscar tratamentos. Embora a Inteligência Artificial (IA) possa ajudar a esclarecer dúvidas gerais sobre saúde, o uso indiscriminado de informações online para diagnósticos e automedicação é uma prática perigosa que preocupa especialistas.
A Microsoft divulgou possuir um sistema de inteligência artificial capaz de fornecer diagnósticos para doenças complexas. Segundo a empresa, a ferramenta é até quatro vezes mais eficiente que médicos. A consulta simula um painel de médicos que colaboram entre si por meio de agentes virtuais, responsáveis por criar hipóteses e indicar exames para os pacientes, por exemplo.
Recentemente, foi lançado um aplicativo pago que promete respostas baseadas em “critérios científicos” para dúvidas relacionadas à saúde. O usuário realiza a pesquisa e “fica sabendo” qual doença tem e qual tratamento seguir. Outra ferramenta muito utilizada é o “Google Saúde”. O usuário confia que, em poucos minutos, terá as respostas necessárias para resolver problemas de saúde.
Contudo, essas “soluções” rápidas e superficiais disponíveis na internet podem mascarar doenças graves, causar efeitos colaterais indesejados e até levar à morte.
Para o diretor da Associação Paulista de Medicina (APM) e da Associação Médica Brasileira (AMB), Antonio Carlos Endrigo, a utilidade da IA está relacionada à experiência do médico e ao tipo de doença. “Para casos com diagnósticos e sintomas claros, como amigdalite, a IA pode auxiliar. Já naqueles em que o diagnóstico pode não ser tão preciso e ter várias opções de tratamento, dependendo das características do paciente — como alergias — a análise médica é fundamental. Existem ainda diversas doenças, como a depressão, em que a experiência do profissional no diagnóstico e tratamento é a chave da solução”, alerta o médico especializado em Saúde Digital.
É importante saber que ferramentas como o ChatGPT podem produzir respostas imprecisas ou sem base científica — o que os especialistas chamam de “alucinações”. Este é apenas um dos riscos no uso indiscriminado da tecnologia na área da saúde. Além do risco de erro no diagnóstico, há também o perigo de interações entre medicamentos.
“A tecnologia é uma ferramenta valiosa, mas a medicina exige conhecimento e experiência humanos. Por isso, a interação médico-paciente e a análise individualizada são essenciais”, conclui o especialista.

