Em entrevista ao Canal UOL, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou que discutiu um possível estado de sítio com comandantes militares após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitar recursos contestando a eleição presidencial de 2022. “O que restou foi conversar com pessoas de confiança mais próximas”, afirmou Bolsonaro.
O ex-presidente, inelegível até 2030 por abuso de poder político, reiterou que seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) é “político”, e disse acreditar em um “milagre” para reverter uma eventual condenação. Bolsonaro se tornou réu no STF em março deste ano por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes. “Acharam um pedaço de papel na casa dele [ex-ministro Anderson Torres]. Se eu fosse professor de direito constitucional, eu daria zero para ele [Moraes]”, declarou.
A Polícia Federal encontrou uma minuta do golpe na casa do ex-ministro Torres, que foi investigado por possível omissão durante os atos de 8 de janeiro de 2023. Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes e disse que sua inelegibilidade ocorreu por motivos “absurdos”. “A vontade do povo se fará presente no próximo dia 2 de outubro. Vamos todos votar”, disse ele, relembrando seu discurso no 7 de Setembro de 2022.
O ex-presidente ainda cobrou governadores aliados a se posicionarem contra sua inelegibilidade e afirmou que seguirá lutando até o “último segundo” para tentar lançar sua candidatura no próximo ano. “Eu ainda acredito em milagre, acredito em Deus e que algo possa mudar”, declarou.
Sem apresentar provas, Bolsonaro também acusou Moraes de ter pressionado Mauro Cid durante sua delação premiada. O tenente-coronel negou qualquer irregularidade.
Bolsonaro também fez críticas à condução do processo contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o ex-presidente, o ministro Alexandre de Moraes estaria acelerando etapas do julgamento. “Ele está ali comendo etapas para ver se o julgamento acontece em agosto, setembro. Se sou tão culpado assim, por que não seguir o devido processo legal?”, questionou. Ele afirmou que seus recursos nunca são aceitos pelo ministro. “A gente não ganha nenhuma contra o Alexandre de Moraes. Um recurso, por mais óbvio que seja… a gente não ganha nada”, disse.
O ex-presidente também mencionou a suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), aprovada pela Câmara dos Deputados. Para Bolsonaro, essa decisão deveria ser estendida a todos os réus do caso. Entretanto, a Primeira Turma do STF manteve o processo contra outros envolvidos.
Sem citar nomes, Bolsonaro cobrou governadores aliados a se manifestarem sobre sua inelegibilidade. “Gostaria, não posso obrigar, que os governadores falassem: ‘Bolsonaro está inelegível por quê? Essas acusações valem?'”, afirmou. Entre os governadores ligados ao ex-presidente estão Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Jr (Paraná).
Sobre sua possível candidatura em 2026, Bolsonaro destacou que ainda aguarda uma definição sobre sua inelegibilidade. “Antes de abril [prazo para quem ocupa cargo público se afastar para concorrer às eleições] faltam quantos meses? Dez, 11 meses. Vamos esperar a condenação. Eu ainda acredito em milagre, acredito em Deus e que algo possa mudar”, disse.
Além disso, sem apresentar provas, Bolsonaro acusou o ministro Alexandre de Moraes de ter submetido Mauro Cid a tortura durante sua delação premiada. Segundo ele, Cid teria sido vítima de um “pau de arara do século 21”, em referência a métodos de tortura utilizados durante a ditadura militar. No entanto, o próprio tenente-coronel negou que tenham ocorrido irregularidades no acordo de delação.


