O presidente da Abiplast, José Ricardo em entrevista para o Canal BC TV.

O recente aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos tem gerado preocupações no setor plástico brasileiro, afetando diretamente o comércio entre os dois países.

Segundo José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a indústria nacional exporta aproximadamente 12% de sua produção para o mercado norte-americano, ao mesmo tempo em que importa produtos plásticos essenciais que não são fabricados no Brasil, como os chamados plásticos de engenharia.

Roriz Coelho concedeu entrevista ao jornalista Germano Oliveira, no Jornal BC TV, nesta quarta-feira (7).

Na entrevista, o presidente da Abiplast disse que, com as novas tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump, o impacto é evidente no cotidiano das empresas e no fluxo comercial estabelecido entre Brasil e Estados Unidos.

“Estamos negociando com nossos clientes americanos para minimizar os impactos dessa mudança tarifária, ao mesmo tempo em que buscamos estratégias para reduzir os efeitos dessa medida sobre as operações do setor”, afirma Roriz Coelho.

Ele enfatiza que a preocupação não é exclusiva do Brasil, pois outros países também foram afetados pela política tarifária americana. No entanto, o maior impacto recai sobre a China, principal fornecedora de produtos plásticos para os Estados Unidos.

A relação comercial entre essas potências é marcada por um intenso fluxo de artefatos plásticos e resinas, o que torna a disputa tarifária entre os dois países um fator determinante para o mercado global de plásticos.

Diante desse cenário, Roriz Coelho defende uma abordagem cautelosa e estratégica, ressaltando que o melhor caminho é a negociação direta com os parceiros comerciais, evitando confrontos que possam prejudicar ainda mais a indústria nacional.

Monopólio e Dumping

Além das tarifas internacionais, a indústria do plástico no Brasil enfrenta desafios internos significativos, como o monopólio de determinados insumos e práticas de dumping por empresas estrangeiras. O domínio de poucos fornecedores sobre matérias-primas essenciais, como resinas plásticas, gera um desequilíbrio na concorrência, limitando a capacidade de negociação das empresas brasileiras e afetando os preços finais do produto no mercado.

O dumping, prática comercial desleal em que empresas estrangeiras vendem produtos no Brasil a preços artificialmente reduzidos, é outro fator que prejudica a indústria nacional.

A entrada massiva de produtos importados com valores abaixo do mercado impacta diretamente a competitividade das empresas brasileiras, dificultando sua capacidade de investimento, inovação e expansão.

Diante desse cenário desafiador, especialistas do setor buscam soluções para fortalecer a competitividade da indústria brasileira. Entre as principais alternativas estão a criação de políticas de incentivo à inovação, a diversificação dos mercados de exportação e a adoção de medidas governamentais para combater práticas de dumping e fortalecer a produção nacional.

Outro ponto crucial é a busca por um ambiente regulatório mais favorável, que garanta maior previsibilidade e segurança jurídica para o setor.

A ampliação de investimentos em tecnologia e sustentabilidade também se apresenta como uma estratégia fundamental para aumentar a competitividade das empresas brasileiras no cenário global.

O setor plástico, peça-chave na cadeia produtiva de diversos segmentos, enfrenta um momento de transformação e desafios, mas as empresas seguem buscando alternativas para driblar os obstáculos e manter sua relevância no mercado internacional.

O caminho para superar as barreiras tarifárias e os problemas internos passa pela negociação, adaptação e inovação, garantindo que o Brasil continue sendo um importante player na indústria do plástico.

A entrevista completa pode ser acessada por este link: